Você sabe como escolher um reboque ou carretinha e seu respectivo engate?

4.3/5 - (26 votes)

Você sabe como escolher um reboque ou carretinha e seu respectivo engate? Confia no vendedor? Acha que é tudo igual?
Se você torceu o nariz e disse : tudo igual, a mais barata é a melhor! É bom ficar preocupado !
Esse não vai ser um tutorial definitivo (nunca são!), nem pretendo de que seja, não sou um técnico ou um engenheiro, sou apenas um cara que quis ter uma empresa de carretinhas e aprendi um pouco, então vou passar algumas informações…
Bom antes de mais nada, é bom ter algumas coisas MUITO claras nas mentes de vocês , segue um texto que achei na internet:

Citar
Para começar, o reboque deve ser registrado e licenciado no Departamento de Trânsito (Detran), ganhando placa e documento (CRLV). Apesar de não ser preciso pagar IPVA ou seguro obrigatório (DPVAT), a Taxa de Licenciamento da carretinha deve ser paga todo ano. Os veículos com peso bruto total (PBT) de até 3.500kg (soma dos pesos do veículo, unidade acoplada e carga) podem ser dirigidos por motoristas habilitados na categoria B. Até 6 mil quilos, a carteira deve ser tipo C; acima disso, categoria E.
Tome cuidado ao comprar a carretinha, já que o fabricante deve estar homologado por entidade credenciada pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO). De acordo com a Resolução 14/98 do Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN), são equipamentos obrigatórios para os reboques: protetores das rodas traseiras; lanternas; freios de estacionamento e de serviço (veículos com capacidade superior a 750kg e produzidos a partir de 1997); luzes de freio; iluminação da placa; setas; pneus; lanternas delimitadoras e lanternas laterais (dependendo das dimensões). As penalidades para o veículo que circular em desacordo com essas especificações são variadas e constam no artigo 230 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB).

ENGATE 

O engate para puxar a carretinha também deve estar dentro das normas. As resoluções 197/06 e 234/07 do CONTRAN é que definiram es regras para os veículos com até 3.500kg de PBT. O fabricante ou importador do veículo deve informar ao Denatran os modelos que têm capacidade para tracionar reboque, além de fazer constar no manual do proprietário os pontos de fixação do engate e a capacidade máxima de tração do veículo.

Já o fabricante do engate precisa estar registrado no INMETRO, que estabelece normas para aprovar o produto e seu procedimento de instalação nos veículos. O acessório deve apresentar algumas características: esfera maciça apropriada ao tracionamento; tomada e instalação apropriada para conexão ao veículo rebocado; dispositivo para fixação da corrente de segurança do reboque; ausência de superfícies cortantes ou cantos vivos na haste de fixação da esfera; e ausência de dispositivo de iluminação.
Além disso, o engate deve trazer uma plaqueta para a rastreabilidade do produto. Por fim, o instalador do engate deve cumprir à risca o procedimento de instalação aprovado e indicar na nota de venda do produto os dados de identificação do veículo. Conduzir o veículo com equipamento ou acessório proibido é infração grave, com multa de R$ 127,69 e retenção do veículo para regularização.
Bom parece óbvio não é? Para mim parece, mas acredite, uma enorme porcentagem de carretinhas por aí não são feitas assim, são fabricadas com soldas de portão, materiais reciclados e ruins,  por serralheiros que mal sabem a diferença entre + e – e o pior: SÃO VENDIDAS SOB A CHANCELA DE MARCAS FAMOSAS (inclusive dentro do estado de SP!). Alguns fabricantes vendem o chassi pro serralheiro que então produz e pode ser emplacado (ou seja, produz sem controle, como quer com o material que bem entender) outros fabricantes, basta entregar $400 que ele emite uma NF dizendo que foi ele quem fez…

Os engates não são diferentes! Há basicamente duas coisas no mercado:

a) engate correto e bem feito
b) engate cosmético, uma aberração vendida em qualquer loja, até que são bonitos, mas só servem para enfeitar, não possuem pontos de ancoragem, não tem aço correto, não tem garantia, as soldas são mal feitas, não possuem distâncias corretas do parachoque, enfim… são os encontrados em 99% dos casos e estão por aí transportando lanchas de mais de 1 milhão de reais prontos para causar um desastre.

Falando em desastre, eu sigo a seguinte mentalidade:

“Não é por que não deu problema até hoje que não vai ocorrer. Segurança não é brincadeira, se você vacilar pode matar. E pra morte meu amigo, não exite seguro, indenização nem qualquer outra coisa. Se você matou ou morreu, siga com isso até onde aguentar!”

Portanto, vamos falar em segurança como algo REALMENTE necessário e que não se deve negligenciar ok? Segurança é segurança e ponto final. NAO tem dessa de pode isso ou aquilo, vai que dá certo etc… Existe o certo e o errado.

Já que estou falando de engate, temos engates corretos e eles são definidos por PESO a ser transportado, aqui vale a máxima: compre bem acima do que vai transportar, canja de galinha não faz mal a ninguém, em uma freada brusca ou em capo de um acidente, roda que cai, desprendimento da carga, um engate mais parruda é a diferença entre voltar pra casa de carro próprio ou talvez de ambulância…

Sem grandes delongas, hoje os carros utilizam finíssimas chapas em seu monobloco, a maioria deles possuem longarinas pequenas e não dimensionadas para reboques, e pouquíssimos usam chassi de fato. Portanto, esqueça qualquer engate que não contenha ao menos 6 pontos de ancoragem, preferencialmente em longarinas, não sendo possível, instalar na parte de baixo e dentro do porta-malas uma placa de aço (tipo um sanduíche com a placa original do carro), isso fortalece a chapa, aumenta a área de dispersão da força quando puxar o reboque e freá-lo e evitará acidentes comuns como afundamento do porta-malas, ou até mesmo rasgar a chapa ou a longarina onde está afixado (não isso não é difícil, ocorre sim!).

Sobre as carretinhas:

Há diversas carretinhas disponíveis no mercado, de aço, de plástico, de fibra, de alumínio, de madeira, enfim, uma infinidade.

Todas tem sua atuação mais específica e todas podem ser um desastre ou uma boa opção. O que vai delimitar é a qualidade geral, ou seja:

a) engenharia,

b) qualidade de produção : soldas, materais, conhecimento, elétrica, pneus, eixos, cubos,

c) gabarito

d) mais importante: responsabilidade da fábrica!

Carretinha não precisa ser bonita (nem feia!), mas precisa ser bem feita. uma carretinha bem feita, onde se tem produtos de qualidade, gabarito alinhado e correto, poderá ser usada por uma vida inteira e mais um pouco, não vai ficar pulando nem rabiando pela estrada, não dá curto, não quebra do nada, não entorta , não fica capenga, enfim…

O mais difícil na construção de uma carretinha é o gabarito, todas as fábricas têm o seu, nem todas tem um bom gabarito, ou seja, tem carretinha que sai muito boa, tem carretinha que sai parecendo um burro xucro de tanto que pula e fica sambando na estrada.

O gabarito é a alma do negócio, demora para ser feito, muitos com o tempo vão se amassando, entortando, danificando e por aí vai, portanto, antes de sair pagando carnes por aí, se possível vá até uma fábrica e veja o que produzem.

Produtos reciclados, alternativos, recondicionados, etc, são maravilhosos em muitos lugares, menos em um que você carrega muitos quilos e pode do nada se soltar e invadir a pista contrária e matar uma família inteira que não tem nada a ver com sua economia porca. Simples assim. Fabricante que coloca eixo recondicionado pode riscar das opções.

Elétrica: deve ser bem tratada, com fios, com as luzes bem estanqueadas (pode ser um simples silicone vedando!), com fios de qualidade e sem emendas. A elétrica é essencial que seja de qualidade, primeiro por que é segurança, segundo por que mesmo que você transporte de kombi 75, se tem um fio desencapado, ou fiação velha de má qualidade, corre o risco de incendiar o seu carro, e é muito rápido, quando se percebe já era… Os carros modernos então um curto circuito para o carro inteiro e o prejuízo é enorme. Pensa numa picape atual, uma cherokee com curto… Do rádio a central eletrônica, bomba, tudo vai pro saco…

Se sua carretinha entra na água, preocupação triplicada!

Soldas:

Aqui um capítulo a parte, a solda é o que une todo o conjunto, reforça e faz você ir e voltar, ao contrário de só tentar ir… Solda TEM que ser bem feita, limpa, sem um monte de pingos pela carretinha, feita do começo ao fim de uma única vez, em movimentos curtos, rítmicos e iguais, preferencialmente bem juntos um ponto do outro. Isso tudo demonstra capricho, asseio, atenção aos detalhes.

A solda não é tudo igual, tem diferentes tipos de soldas, diferentes funcionalidades e graus de pureza, claro que não vem ao caso dizer tudo isso agora, mas uma carretinha com soldas limpas, sem aquele monte de pingos por tudo que é lado, soldas unidas e bem feitas, mostram que a empresa investe em um profissional de qualidade.

Uma solda mal feita destempera o aço, logo ele vai partir facilmente , detalhe: nunca parte na SOLDA e sim PERTO dela… Um bom profissional sabe como evitar uma solda destemperada, sabe usar limpadores e produtos para melhorar a solda e principalmente a não deixar vãos imperceptíveis a olho nu mas que com o tempo entra água e umidade, criando ferrugem próximo a solda, apodrecendo tudo …

Tipos de chassi, tubo, longarina etc…

Há muitos tipos por aí,  de reboques feitos por tubos (na minha opinião mais modernos e bonitos), a longarinas em U ou I ou H (cada região explica de um jeito, é aquela parecida com trilho de trem ou em formato de U, ou de C, ou algo parecido), entre outros formatos menos usuais.

Sendo bastante franco: as melhores opções são as ABERTAS, ou seja, em I ou H ou C ou U , pelo simples fato de que fazem a umidade (principal problema das carretinhas) e água serem rapidamente evaporadas, diferente do chassi em TUBO (tubular), que embora mais leve e bonita , dificulta MUITO a evaporação , mesmo deixando inclinada, basta pegar um canudinho e colocar água dentro pra entender o por que. A simples umidade do ar diário lá dentro intensifica a ferrugem, adicione chuvas, lavagens, sujeira, ratos (sim eles adoram entrar nesses tubos e fazer seus nichos lá!), jogadas de água das crianças… enfim.. o sistema tubular é eficiente e aguenta? sim… mas prefira o velho e mais pesado sistema em U.

Outra vantagem da viga em U é que você consegue rapidamente ver pontos de ferrugem, algo impossível num sistema tubolar, quando este ficar aparente, já era! Já na viga em U, basta um simples conserto caseiro…

Pintura, hoje muitas fábricas contam com cabine de pintura, pintura epóxi, pintura de tudo que é jeito , cor, textura etc.

Basicamente o importante é o metal ser tratado ANTES de ser pintado, seja por um primer ou por tratamentos químicos, a fogo etc. Todos são interessantes e todos vão um dia acabar…

Em perfis em U ajudam bem no caso da pintura, visto que podem ser pintados por dentro com extrema facilidade, ajudando mais ainda na questão da ferrugem.

O engate que engata no engate do carro ehhehe:

Existem diversos tipos, dos mais tradicionais copinhos soldados (que estão saindo de linha!) aos mais rebuscados com sistemas de travamento e segurança, todos funcionam mas os mais tradicionais são mais suscetíveis a falha, principalmente se a soldagem for ruim, se ela for boa, provavelmente nunca terá problemas, mas como hoje temos soluções melhores, aconselho a utilizar aqueles de ferro fundido, aparafusados (e se possível soldados tb) ao chassi do reboque, são mais seguros, fáceis de trocar se precisar e também mais práticos.

Sistemas de molas:

Temos basicamente dois tipos: molas por feixe e molas helicoidais.

Não dá para generalizar dizendo que o feixe de molas aguenta mais peso e que helicoidal pula menos, isso em grande parte é verdade mas não uma verdade absoluta, conheço exemplo de ambos os modos que tem resultados absolutamente contraditório. Tudo depende do material, fabricante, engenharia e qualidade geral já exposta.

O mais importante aqui são os amortecedores, serão eles que irão gerar toda estabilidade envolvida, não deixam os buracos afetarem tanto a carretinha etc.

Lembre-se ate um popular hoje  tem mais de 1400 quilos, divida isso por 4 rodas e veja se o peso transportado que cada conjunto mola/amortecedor consegue carregar (incluir ai o peso máximo a ser transportado no carro). rapidamente você notará que mesmo carregando um bass boat e mais tralhas e mais a sogra, vai estar bem abaixo do limite que um carro popular carrega, preferindo poderá usar um conjunto mais parrudo, como de um sedan médio (civic, vectra, etc), estes suportam mais peso ainda. O que eu recomendo é trocar ideia com o fabricante a respeito, não adianta nada você ter um feixe de mola que suporta 2 toneladas facilmente (como de picapes!) para transportar um barco de 100 quilos + motor, certamente vai ter um cabrito pulando e deteriorando todo seu barco e motor atrás…

Preço:

Muitos no intuito de economizar (e não os culpo!) por causa de R$100 reais ou menos trocam um produto de qualidade por um desastre pronunciado sem saber.

 

 

 

 

 

 

Espero que curtam as dicas.

Comments are closed.